Com a mídia de massa submetida ao
poder financeiro global, observamos as quedas de governos, um por um, que
valorizavam a soberania nacional, isto é, ofereciam qualquer mínima resistência à
dependência econômica dos países dominantes. São os casos de Ucrânia, Tunísia,
Síria, Tailândia, Honduras, Paraguai, Argentina e Brasil.
Por outro lado, há forte tentativa de destruição, através do constante ataque à moral, dos governos da Rússia, da Turquia, da Venezuela e do
Irã, além de setores da China. Não estão expostos à mesma intensidade de ataque
os “inimigos” Coréia do Norte e Cuba porque não entraram em peso na cadeia de
consumo ideológico mais eficiente da história para atingir as massas: a
seletiva (embora aparente livre e abundante) oferta de informação pelas
tecnologias da informação e da comunicação (TICs).
Agora, vislumbramos mais uma tentativa de
golpe, desta vez nas Maldivas.
É evidente o impacto da guerra não
convencional, a chamada guerra híbrida. A pergunta que fica é: como enfrentá-la?
Só vejo um jeito: que nos apropriemos da programação das TICs, que tratemos de
controlar os fluxos informacionais, que abandonemos o estilo de consumo da
informação que já vem pronta. Precisamos reinventar nosso modo de formar opinião
por meio da adoção de práticas maker e difundindo conhecimento crítico e de resistência sobre -- e pela
-- tecnologia. Chega de bots controlando o conteúdo que vamos acessar, chega de
grandes conglomerados midiáticos nos enfiarem goela abaixo, porém indolor e subliminarmente,
a opinião triturada e pasteurizada que forma o senso comum e o efeito manada,
numa corrente favorável aos interesses do capital. Despertemo-nos, pois a nova
onda de golpes impõe uma nova agenda para a esquerda, uma agenda cibertecnológica. E é um caminho sem volta.