segunda-feira, 2 de junho de 2014

#SomosTodasSatânicas

Compartilhando o texto abaixo em solidariedade total às pessoas envolvidas no evento Xerecas Satânicas no último fim de semana.


Texto produzido em solidariedade às pessoas que estão sendo vítimas de todo tipo de conservadorismo após realizarem um evento performático em Rio das Ostras:

Xereca Satânica é arte, Xereca Satânica é a liberdade de nossos corpos. Xereca Satânica é a expressão ousada de uma vida limitada.
Todos os dias costuram nossa buceta, nosso cu e nossa piroca, costuram com linhas invisíveis de machismo, de moralismo, de valores conservadores. Todos os dias violam nossos corpos, mutilam nossas expressões despadronizadas, todos os dias querem que nossas xerecas sejam santificadas. Não! Nossa xereca é profana, nosso corpo é uma expressão efêmera de nós mesmos.
Costuramos xerecas, arreganhamos nossos cus, mordemos mamilos, degustamos todas as pirocas. Nós nos devoramos num ritual antropofágico e depois vomitamos. Vomitamos as construções sociais caretas e tudo que nos ensinaram como certo, somos a desconstrução do mundo perfeito e do amor sagrado. Costuramos xerecas porque essa vida já está toda cagada.
As xerecas já sangram biologicamente, isso não nos basta, nós queremos fazê-la sangrar socialmente. As xerecas são satânicas porque elas precisam ser des-santificadas, o diabo precisa deixar de ser demonizado e o mundo precisa ser menos homogêneo. Não acreditamos nem em deus, nem no diabo. Quem nos guia somos nós. Se falamos em diabo, é apenas porque queremos ser antagônicos a deus. Ah! E nunca se esqueçam: satânico não é sinônimo de satanismo.
Todos os valores que vos ensinaram nas escolas e nas igrejas, nós viemos ao mundo para profaná-los, para manchá-los de sangue. Nós queremos chocar vossas cabeças com nosso modo agressivo e marginal de existir, foi assim que vocês nos geraram nesse mundo extremamente desigual. Somos criações poeticamente pervertidas e obras santificadamente degeneradas.
Costuramos bucetas, costuramos cus, costuramos pirocas, acima de tudo costuramos todas as formas de expressão que nos dizem ser corretas. Usamos e apoiamos a utilização dos corpos, porque vivemos numa sociedade que a estética corporal é superior a vida. Nosso corpo não é santo, nosso corpo irá apodrecer assim que a vida se exaurir.
Sem mais, lamentamos informar a todos, que continuaremos a produzir e construir formas antagônicas de valores e sociabilidade num mundo que caminha pela via da robotização das expressões do humano. Pedimos desculpas se incomodamos, mas somos humanos, demasiadamente humanos.

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