sábado, 23 de agosto de 2014

Luta de classes hoje


Quando Marx observava as relações socioeconômicas, no século XIX, havia muito clara a divisão de classes conflitantes: de um lado, a burguesia proprietária dos meios de produção; de outro, o operariado, os trabalhadores que comandavam a atividade produtiva do ponto de vista do conhecimento – eram os trabalhadores que entendiam de produção como ninguém. A classe trabalhadora era mais homogênea; com coesão – ao que parecia – podia revolucionar.

Falar em luta de classes hoje é reconhecer que essa divisão não está mais tão bem delineada assim. Entre explorados e exploradores há um trânsito constante, a depender da dimensão econômica considerada. Com a enorme estratificação das classes, pulverizam-se interesses e perde-se a capacidade de relativo consenso, de coesão suficiente para uma revolução. Assim, o mundo se rendeu à ditadura do capital financeiro. A derrota da esquerda como força político-ideológica sempre vai ser uma derrota da humanidade, que não se emancipa, apenas regurgita essa papa de alienação, hipocrisia e autossabotagem até se afogar.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Virando a página em 3, 2, 1



O vento soprou e eu senti mais movimento. Pedalar não é mais. A vida que me freava agora morre pra eu andar. E assim vou. Depois das pisadas, além das piscadas, há passos, descompassos, mas também ritmo e tato. Eu vi a cara da covardia, do medo e da insensatez. Eu vi a cara, minha cara… assombradamente. Risco da/de vida chamar amor de plano e executá-lo mal. Pode parecer clichê auto-ajuda, mas não invalida: vida bem vivida é pra quem tem coragem, que dá sentido à liberdade – só agora sinto a verdade absoluta disso. E, tendo aprendido a lição, eis que a paralisia de escafandrista chega a seu termo. 

Virando a página, reviro borboleta.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O que é (des)conhecimento geral


“(...) em praticamente todas as questões consideradas relevantes, a imprensa constrói discursos homogêneos e superficiais. Assim, desenvolveu-se no Brasil um cabedal de conhecimento sobre tudo que, na verdade, é formado por um emaranhado de desinformações. Desde a questão da reforma tributária até problemas distantes da economia, como a idade adequada para a responsabilização penal, tudo é discutido na planura dos lugares-comuns.
O Brasil vive, há muitos anos, um processo de empobrecimento intelectual patrocinado pelos principais meios de comunicação. O ambiente comunicacional organizado e pautado pela mídia tradicional é o reino das obviedades, terreno fértil para o populismo e a manipulação. Nesse território se edificam não apenas as carreiras políticas inexplicáveis, como algumas fortunas que desafiam as teorias de sustentabilidade do capitalismo.
Parte dos conflitos que vimos crescer nas ruas a partir de junho de 2013 tem origem nessa incapacidade das instituições de aprofundar a compreensão do Brasil contemporâneo.
Presos a essa roda de ignorâncias por aceitarem a dependência de um sistema de mídia limitador e intelectualmente modesto, governantes que deveriam tomar a iniciativa da mudança não se mostram capazes de inovar. Os candidatos ao cargo mais elevado do sistema de poder, colocados diante da oportunidade de expor o que se espera sejam ideias inovadoras, repetem velhas receitas genéricas.”
Luciano Martins Costa