domingo, 23 de novembro de 2014

Folha, você é machista

Editorial da Folha de hoje ["Feministas do espaço"] tentando dizer a feministas que existem problemas mais graves para preocupação do que uma camiseta machista; que são radicais as feministas que repudiaram o uso daquela camiseta por uma autoridade científica justo no momento histórico do pouso do Philae. 

Hum... o feminismo e sua tão corriqueira associação ao radicalismo...

Só que não. Vamos tentar esclarecer que:

Folha, você é machista. Você não entende que a violência contra a mulher não é só física, mas também (e predominantemente) simbólica. Que o feminicídio, a exclusão e a marginalização das mulheres são só uma ponta que aparece lá no final de uma longa cadeia de agressões simbólicas que são entubadas como se fossem absolutamente naturais. A banalidade que você vê, Folha, é só um sintoma da sua cegueira sexista. Não adianta se achar evoluída apenas porque se declara a favor da descriminalização do aborto. Folha, apesar disso, você é bem atrasada.


terça-feira, 11 de novembro de 2014

O medo do amor | Marla de Queiroz


Eu não tenho medo do amor. Eu tenho medo é de amar quem tem medo dele. Amar quem teme o amor é como se apaixonar por uma sucessão de desistências. É como viver apenas a possibilidade de algo, mas com a sensação de que ela nunca se estabelecerá. É ficar intranqüilo não com o amanhã, mas com os próximos minutos. Quem teme o amor vai embora antes de fazer as pazes com ele. Antes de saber que surpresas ele reservava. Quem teme o amor teme caminhar de mãos vazias em direção ao desconhecido. Está sempre baseado numa repetição do passado. E acha que a vida será como todos aqueles dias idos. Quem teme o amor não vê a pessoa que conheceu, não se dá a oportunidade de ser amado de outra forma. Quem teme o amor se envolve é com o drama de todas as feridas que vieram à tona porque ele não se permitiu ficar sozinho e confuso o suficiente para curá-las. Quem teme o amor não aprendeu a pedir ajuda nem a receber a cura do Universo. Ele se acha maior que o amor e não conjuga o verbo. Quem teme o amor consegue ser mais perverso do que quem o magoou.
Quem tem medo do amor, pra se preservar, não se permite delirar lindamente... e perde a parcela mais deliciosa que o amor prometeu... por medo de amar.