“(...) em praticamente todas as questões consideradas relevantes, a
imprensa constrói discursos homogêneos e superficiais. Assim, desenvolveu-se no
Brasil um cabedal de conhecimento sobre tudo que, na verdade, é formado por um
emaranhado de desinformações. Desde a questão da reforma tributária até
problemas distantes da economia, como a idade adequada para a responsabilização
penal, tudo é discutido na planura dos lugares-comuns.
O Brasil vive, há muitos anos, um processo de empobrecimento intelectual
patrocinado pelos principais meios de comunicação. O ambiente comunicacional
organizado e pautado pela mídia tradicional é o reino das obviedades, terreno
fértil para o populismo e a manipulação. Nesse território se edificam não
apenas as carreiras políticas inexplicáveis, como algumas fortunas que desafiam
as teorias de sustentabilidade do capitalismo.
Parte dos conflitos que vimos crescer nas ruas a partir de junho de 2013
tem origem nessa incapacidade das instituições de aprofundar a compreensão do
Brasil contemporâneo.
Presos a essa roda de ignorâncias por aceitarem a dependência de um
sistema de mídia limitador e intelectualmente modesto, governantes que deveriam
tomar a iniciativa da mudança não se mostram capazes de inovar. Os candidatos
ao cargo mais elevado do sistema de poder, colocados diante da oportunidade de
expor o que se espera sejam ideias inovadoras, repetem velhas receitas
genéricas.”
Luciano Martins Costa
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