Eu não tenho medo do amor. Eu tenho medo é de
amar quem tem medo dele. Amar quem teme o amor é como se apaixonar por
uma sucessão de desistências. É como viver apenas a possibilidade de
algo, mas com a sensação de que ela nunca se estabelecerá. É ficar
intranqüilo não com o amanhã, mas com os próximos minutos. Quem teme o
amor vai embora antes de fazer as pazes com ele. Antes de saber que
surpresas ele reservava. Quem teme o amor teme caminhar
de mãos vazias em direção ao desconhecido. Está sempre baseado numa
repetição do passado. E acha que a vida será como todos aqueles dias
idos. Quem teme o amor não vê a pessoa que conheceu, não se dá a
oportunidade de ser amado de outra forma. Quem teme o amor se envolve é
com o drama de todas as feridas que vieram à tona porque ele não se
permitiu ficar sozinho e confuso o suficiente para curá-las. Quem teme o
amor não aprendeu a pedir ajuda nem a receber a cura do Universo. Ele se
acha maior que o amor e não conjuga o verbo. Quem teme o amor consegue
ser mais perverso do que quem o magoou.
Quem tem medo do amor, pra se preservar, não se permite delirar
lindamente... e perde a parcela mais deliciosa que o amor
prometeu... por medo de amar.
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