segunda-feira, 21 de abril de 2014

Hoje eu quero voltar sozinho

Sob o incansável mote de que "cinema também é indústria e precisa vender", comédias românticas de quinta categoria, porém bastante comerciais, têm predominado entre as produções cinematográficas brasileiras ultimamente, como se boa qualidade artística e potencial de sucesso de bilheteria fossem necessariamente antagônicos. Prova de que não são é o novo filme de Daniel Ribeiro,  Hoje eu quero voltar sozinho, um alento de orgulho aos entusiastas do cinema canarinho. Vencedor do Prêmio de crítica no Festival de Berlim, o longa é esteticamente cuidadoso e bem dirigido, abordando de maneira suave anseios e descobertas típicas da adolescência, como sexualidade, primeiro amor e independência dos pais.


Graças à opção de uma estética do afeto (como em Azul é a cor mais quente, de Abdellatif Kechiche), o tema da diferença, seja pela deficiência visual ou pela homossexualidade, ficam "palatáveis" ao público mais obtuso – trunfos de direção e roteiro, com mistura de ingredientes na medida certa, fazem renovar a esperança de que o cinema brasileiro siga um caminho mais interessante daqui para frente. Essa esperança, aliás, já havia sido retomada no ano passado, com O Som ao Redor, de Kleber Mendonça.

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