Por Roniel Sampaio
Silva
Nossa consciência social é carregada de
elementos que são mobilizados constantemente para justificar as mazelas sociais
de modo a nos trazer uma resposta razoavelmente confortável para um eu
constantemente vitimado pela estrutura social. Estas respostas são dadas como
quase que automaticamente, pois são "construídas" em nossa mente a
partir de nossas experiências sociais. Até certo ponto, são positivas, isso
quando nos faz entender nossas limitações e nos leve a nos preservar de alguns
"perigos" e frustrações.
Muita coisa de nossa consciência social
nos leva a simplificar a realidade e nos afasta do rigor científico necessário
na compreensão dos fenômenos sociais. Esses, por estarem tão próximos das
pessoas, as levam a crer que são conhecidos substancialmente, o que é notado em
conversas de amigos, sobretudo por meio de "jargões explicativos".
De tanto serem repetidos, tais "jargões explicativos" tornam-se verdadeiros axiomas da vida social, sobretudo na medida em que são criadas para findar uma discussão dando-a como acabada e explicada.
Muitas vezes, mesmo quando há uma construção argumentativa inicial, cadenciada e lógica, a discussão acaba findada numa resposta defensivamente reducionista de modo que se cria um discurso do senso comum travestido de uma suposta análise sociológica: “Fazer o quê se o sistema é assim...”
De tanto serem repetidos, tais "jargões explicativos" tornam-se verdadeiros axiomas da vida social, sobretudo na medida em que são criadas para findar uma discussão dando-a como acabada e explicada.
Muitas vezes, mesmo quando há uma construção argumentativa inicial, cadenciada e lógica, a discussão acaba findada numa resposta defensivamente reducionista de modo que se cria um discurso do senso comum travestido de uma suposta análise sociológica: “Fazer o quê se o sistema é assim...”
Não é surpresa que tais jargões são
demasiadamente apropriados pelo senso comum, todavia, os artifícios que
fatalizam e naturalizam os problemas sociais têm se tornado cada vez mais
complexos na medida em que se criam argumentações pautadas em expressão e
conceitos típicos do discurso científico.
Para tentar superar esses vícios que
nos coloca como reféns do fatalismo, é necessário transcender a análise
superficial para compreender com afinco como foram construídos socialmente as
configurações que desencadearam num dado problema social. Muitas vezes, a falta
de entendimento necessário para compreender satisfatoriamente o processo de
construção do problema tende a esgotá-lo com a máxima “o sistema é Freud, lutar
pra quê? Ou ainda “Não tem como fugir do sistema.”
É necessário também compreender que
todos os problemas sociais que atualmente enfrentamos e também os que superamos
foram socialmente construídos e podem ser também socialmente desconstruídos,
ainda que as limitações da estrutura inviabilize muitas de nossas ações, afinal
ela não é uma camisa de força.
Nessa ocasião, vale lembrar o conceito
de sistema, cujo pressuposto é que todos os elementos são interdependentes de
um modo tal que se você consegue identificar elementos-chave que estruturem o
seu funcionamento, é possível modificá-lo para que se reconfigure de forma tal
que o jargão passe a ser:
“o sistema foi assim, conseguimos
compreendê-lo e nos organizamos para modificar os pontos-chave e conseguimos
aprimorá-lo em favor de uma sociedade melhor.”
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