quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O fundamento de tudo

Por que defender ideias progressistas? Por que querer um mundo melhor? Por que lutar? Por que comunicar? Por que compartilhar? Por que não se conformar e se acomodar? Por que?
 
O conceito de amor é fundamental para responder a tudo isso, mas seu conteúdo é muito ignorado. Todos dizem eu te amo, mas quem sabe o que é amar? Parece que o mais comum é confundir apego com amor, dando margem a toda sorte de deturpações.

Amor é liberdade, apego é escravidão. E, sim, isso tem tudo a ver com as perguntas acima.
 
Aí vem o Osho (O Livro dos Segredos) e diz:

O amor se torna apego porque não existe nenhum amor.  Há um medo sutil da liberdade e todo mundo quer ser um escravo. Todo mundo, naturalmente, fala sobre liberdade, mas ninguém tem a coragem de ser realmente livre, porque quando você é realmente livre, você está só. Se você tem coragem de estar só, somente então, você pode ser livre.
 
Mas ninguém é corajoso o suficiente para estar só. Você precisa de alguém. Por que você precisa de alguém? Você tem medo de sua própria solidão. Você se torna entediado consigo mesmo. E, na verdade, quando você está sozinho, nada parece significativo. Com alguém, você fica ocupado e você cria significados artificiais à sua volta.
 
Se existir amor real, ele nunca se tornará apego.
 
A posse não deveria entrar no meio. Nós devemos permanecer indivíduos e devemos nos mover como consciências independentes e livres. Nós podemos ficar juntos, nós podemos nos fundir um no outro, mas sem posse. Então, não há servidão e, então, não há apego.
 
Amar a liberdade, tentar ser livre, significa basicamente que você chegou a uma profunda compreensão de si mesmo. Agora, você sabe que você é suficiente para si mesmo. Você pode compartilhar com os outros, mas você não é dependente. Eu posso compartilhar a mim mesmo com alguém. Eu posso compartilhar o meu amor, eu posso compartilhar minha felicidade, eu posso compartilhar minha alegria, meu silêncio com alguém. Mas isso é um compartilhar, não uma dependência. Se não houver ninguém, eu estarei igualmente feliz, igualmente alegre. Se alguém está presente, isso também é bom e eu posso compartilhar.

Quando você perceber sua consciência interior, seu centro, somente então, o amor não se tornará um apego. Se você não conhecer seu centro interior, o amor se tornará um apego. Se você conhecer o seu centro interior, o amor se tornará uma devoção.
 
Buda estava passando por um vilarejo. Um jovem veio até a ele e disse: “Ensine-me algo: como eu posso servir aos outros”?
Buda riu para ele e disse: “Primeiramente, seja. Esqueça os outros. Primeiramente, seja você mesmo e, então, todas as coisas se seguirão”.
 
Quando você diz “quando eu amo alguém isso se torna um apego”, você está dizendo que você não é; assim, tudo o que você faz dá errado, porque o fazedor está ausente. O ponto interior de consciência não está presente; assim, tudo o que você faz, dá errado. Primeiro seja e, então, você pode compartilhar seu ser. E esse compartilhar será amor. Antes disso, tudo o que você fizer se tornará um apego.
 
Quando você está enraizado em seu ser, quando você sabe quem você é, o que é esse ser que está dentro de você e o que é essa consciência que está em você, então, você não se apegará a ninguém.
Isso não significa que você não amará. Na verdade, somente então você pode amar, porque então o compartilhar é possível - e sem nenhuma condição, sem nenhuma expectativa. Você simplesmente compartilha, porque você tem uma abundância, porque você tem tanto que está transbordando.

Esse transbordamento de si mesmo é amor. E quando esse transbordamento se torna uma enchente, quando, por seu próprio transbordamento, o universo inteiro é preenchido e seu amor toca as estrelas, em seu amor a terra se sente bem e em seu amor todo o universo é banhado; então, isso é devoção.

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