Não suporto a hipocrisia da
distinção entre drogas lícitas e ilícitas, sou a favor da legalização total. Se
alguém quiser fazer um mal a seu próprio corpo usando tabaco, álcool, cocaína
ou qualquer outra droga, é a liberdade individual humana que está em jogo, não
cabe a ninguém dizer que isso não é permitido, muito menos ao Estado.
Entretanto, é claro que os que estão sob efeito de alucinógenos podem causar
danos pesados socialmente, como é o caso de quem bebe e pega no volante em
seguida: a pessoa está no âmbito de sua liberdade individual, mas é a sociedade
quem, muitas vezes, paga caro demais por isso. Mesmo diante desses casos, não acho
que caiba – e tampouco funcione – a proibição do consumo de drogas, e sim o controle
estatal sobre o risco de acidente, a exemplo da Lei Seca. De qualquer modo, o
que leva alguém a consumir um produto entorpecente é que é a raiz do problema
e, portanto, é o que deve ser atacado, se possível.
Por outro lado, observo que a ameaça de dependência química não vem somente dessas drogas “clássicas”. Uma pessoa pode se viciar em outra pessoa, em paixões ou em ideias, por exemplo. São vícios em emoções, na verdade, e deveríamos compreender que quando isso acontece não é apenas psicológico. É bioquímico. A heroína usa os mesmo receptores nas células que nossas emoções usam. É fácil verificar que, se podemos nos viciar em heroína, podemos nos viciar em qualquer peptídeo natural, em qualquer emoção. A busca que as pessoas que procuram uma droga fazem está relacionada a achar um certo estado emocional. Não olhamos nada sem envolvermos o aspecto emocional. Como mostra o filme Quem somos nós?, os comportamentos habituais derivados da educação e da vida em sociedade são verdadeiros vícios. Um dos depoimentos que apresenta deixa essa ideia bem clara:
Por outro lado, observo que a ameaça de dependência química não vem somente dessas drogas “clássicas”. Uma pessoa pode se viciar em outra pessoa, em paixões ou em ideias, por exemplo. São vícios em emoções, na verdade, e deveríamos compreender que quando isso acontece não é apenas psicológico. É bioquímico. A heroína usa os mesmo receptores nas células que nossas emoções usam. É fácil verificar que, se podemos nos viciar em heroína, podemos nos viciar em qualquer peptídeo natural, em qualquer emoção. A busca que as pessoas que procuram uma droga fazem está relacionada a achar um certo estado emocional. Não olhamos nada sem envolvermos o aspecto emocional. Como mostra o filme Quem somos nós?, os comportamentos habituais derivados da educação e da vida em sociedade são verdadeiros vícios. Um dos depoimentos que apresenta deixa essa ideia bem clara:
Por que você tem vício? Porque não tem nada
melhor. Não sonhou com nada melhor. [...] Se eu mudar minha mente, mudarei
minhas escolhas? Se eu mudar minhas escolhas, minha vida mudará? Por que não
consigo mudar? Em que estou viciado? Irei perder aquilo em que estou
quimicamente apegado. A que pessoa, lugar, coisa, época ou acontecimento estou
quimicamente apegado e não quero perder porque posso ter de vivenciar sua
privação química? Por isso o drama humano.
De
acordo com a teoria quântica, as possibilidades da consciência lhe permitem
criar a realidade. Nesse processo, que é individual e subjetivo, transformações
bioquímicas no cérebro levariam à superação de comportamentos rotineiros. Ao
longo da história da humanidade, todo esse potencial teria sido ocultado pela
ciência e pela religião, já que uma se apoiaria no determinismo e a outra na
existência de um Ser transcendente, ambos responsáveis pela nossa impotência
frente aos fatos da vida. Também segundo a física quântica, todas as coisas
estão interligadas (curiosamente de acordo com a minha ideia de espiritualidade,
de unidade de tudo e todos com Deus).
E o
que é o vício? Bom, em uma definição bem simples, é algo que não se consegue
parar de fazer. Buscamos situações que vão suprir os desejos bioquímicos das
células do nosso corpo criando situações que satisfaçam nossas necessidades
químicas. Um viciado sempre vai precisar de um pouco mais para poder satisfazer
sua necessidade química.
De uns tempos para cá, tenho a percepção – e isso é muito pessoal – de que o que é visto como irreal por quase todo mundo é muito mais real para mim do que a "realidade" do mundo. Fomos condicionados a crer que o mundo externo é mais real do que o interno. Porém, conforme os estudos científicos mais recentes, especialmente da física quântica e das neurociências, é justamente o contrário. Esses estudos dizem que o que acontece dentro de nós é que cria o que acontece fora. A quem isso parecer loucura, talvez seja aconselhável refletir melhor: pode ser que o próprio modo habitual de conceber a realidade seja um vício.
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