domingo, 9 de junho de 2013

A felicidade é alcançada individualmente?

Sim, a felicidade é alcançada individualmente porque não é uma experiência, mas uma maneira de considerar as experiências. Isto não quer dizer que você não possa estar, simultaneamente, feliz e insatisfeito, pelo contrário, e aí é que a confusão começa. Para ilustrar, seleciono os dois exemplos a seguir: 1) aos 20, o rapaz queria se casar, ser bem sucedido na profissão e ter filhos. Aos 50, conseguiu: está satisfeito com o resultado de sua "receita de bolo", mas não se sente feliz. 2) A moça é extremamente insatisfeita com o mundo, se sente um E.T. de tão estranha às múltiplas irracionalidades humanas. Por outro lado, tem consciência de quem é, e isto a faz se sentir em paz e à vontade, realmente feliz.
Há uma frase de Jung que também tem a ver com o pensamento que aqui estamos a expôr: quando você olha para fora, sonha; quando olha para dentro, acorda.

É muito cômodo seguir os modelos das convenções e tradições como se servissem de caminhos ou receitas para a realização da felicidade, mas isto é mais uma das armadilhas do ego que, privilegiando um padrão reconhecido pela sociedade, te levam a burlar o seu mais laborioso estudo, que é o de si mesmo.

A convicção de que você não é suas experiências retira toda a pressão de ficar evitando as experiências negativas e de se esforçar pelas positivas. Quando você não se engana mais como sendo o corpo ou a mente, é a oportunidade de se tornar consciente de sua própria existência sem o contexto da forma humana. Somos muito menos seres individuais e muito mais uma dimensão eterna e sem limites que está permanentemente consciente de si mesma (Lazy Yogi).
Então, sim, eu chego à felicidade individualmente porque chego a uma consciência clara através de meu próprio esforço. Mas, a partir desse momento, percebemos que o individual só existe enquanto máscara, e não como algo real, por isso é normal que uma pessoa efetivamente feliz tenha insatisfação diante das práticas antifelicidade no mundo, pois o que toca aos "outros", toca a "mim". Somos todos um, não há alteridade real. Quando interpretada de maneira a promover a desconexão com o próximo, a máxima de que cada um constrói a sua própria felicidade não passa de uma distorção egocêntrica.



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A partir disso, e também do que colocamos no post anterior, acredito que possamos combater duas desculpas costumeiramente invocadas para justificar a incômoda conservação do estado em que o mundo se encontra. Essas pequeninas reflexões podem se configurar como ponto de partida para uma espécie de exorcismo de fantasmas que cismam assombrar a construção de uma realidade/experiência mais pró-felicidade.

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