quarta-feira, 19 de junho de 2013

Ocupar o Estado e a cibernética

Poder é a capacidade de submeter a vontade alheia à vontade própria. Não existe sociedade sem poder e, já que não tem jeito, a democracia é encarada como um modelo mais adequado à satisfação das liberdades individuais. Em tese, as democracias republicanas atribuem ao povo a “propriedade” do poder, mas a posse, de fato, só é resgatada por ele episodicamente.

A política é uma luta pelo poder e, admitida a necessidade do Estado para a sociedade se organizar, a política acaba sendo uma luta pela participação no âmbito estatal, de onde emanam as regras que pautam toda a sociedade. Essa participação nada mais é do que uma ocupação desse espaço institucional. Hannah Arendt nos diz: o sentido da política é a liberdade. Quando você vira as costas para a política, ela será oportunamente ocupada por alguém cujos interesses podem te escravizar em um sistema de lógica perversa. A única saída é participar e, para isso, é necessário fiscalizar.
Transparência para os poderosos e privacidade para os fracos
Transparência para os poderosos e privacidade para os fracos é o grande lema dos cypherphunks, ativistas que defendem o uso da criptografia e de métodos similares para provocar mudanças sociais e políticas.

Publicado quando se completaram 778 dias da prisão de Julian Assange e após 228 anos da idealização do panóptico por Jeremy Bentham, o livro que estou lendo agora Cypherpunks: liberdade e o futuro da internet, de Julian Assange, Jacob Appelbaum, Andy Müller-Maguhn e Jéremie Zimmermann, tem por base uma conversa entre os quatro autores. Prestar atenção na mensagem deles me parece obrigatório para quem se preocupa com a tal da liberdade, vê só alguns trechos:
“Este livro não é um manifesto. Não há tempo para isso. Este livro é um alerta. O mundo não está deslizando, mas avançando a passos largos na direção de uma nova distopia transnacional. Esse fato não tem sido reconhecido de maneira adequada fora dos círculos de segurança nacional. Antes, tem sido encoberto pelo sigilo, pela complexidade e pela escala. A internet, nossa maior ferramenta de emancipação, está sendo transformada no mais perigoso facilitador do totalitarismo que já vimos. A internet é uma ameaça à civilização humana.” 

“O universo acredita na criptografia. É mais fácil criptografar informações do que descriptografá-las. Notamos que seria possível utilizar essa estranha propriedade para criar as leis de um novo mundo. (...) E, assim, declarar a independência.”

“As lições da Guerra Fria não devem ser esquecidas ou a história se repetirá”.
 
 

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